Val d'Osne, berço da fundição artística - primeira parte

Em 1833, Jean Pierre Victor André, administrador de forjas, decide lançar-se nesta aventura e, em 28 de Outubro de 1834, solicita ao rei Luís-Felipe autorização para construir um alto-forno. Sua escolha recai curiosamente num local antigamente ocupado por um mosteiro, afastado da cidade e escondido no fundo de um vale: Val d'Osne. Naquela época, todas as usinas eram instaladas sobre cursos d'água de vazão regular e suficiente para provocar o giro das rodas d'água. O Osne é um riacho. Em compensação, minério de excelente qualidade abunda nas florestas próximas, bem como areia.

Autorizado por ordem real de 5 de Abril de 1836 para construir sua usina, Jean Pierre Victor André começa pela edificação do alto-forno, ainda existente até hoje, e inicia rapidamente uma produção voltada para a fundição decorativa: "a fundição ornamental era desconhecida antes do senhor Victor André. Limitava-se à produção de tubos, placas e potes. O senhor André montou de ponta a ponta a indústria da fundição ornamental do ferro fundido", escreverá em 1912 o cronista de Val d'Osne, abade Hubert Maréchal.

Ninguém sabe quais foram as motivações do industrial. Ele já tinha comprovado sua competência técnica em outros locais, porém, contrariamente a Antoine Durenne, também grande fundidor artístico da Haute-Marne, não encontramos nenhum vestígio de formação artística. André, no entanto, vivia em Paris e freqüentava os escultores numa época em que a nasciturna revolução industrial atraía os criadores. Dentre os quais, Mathurin Moreau, autor de uma quantidade impressionante de modelos para Val d'Osne e que se tornaria um dos dirigentes dessa companhia.

A empresa desenvolveu-se. Em 1844 emprega 220 operários, cada vez mais especializados, e acrescenta a seu alto-forno (forno de primeira fusão) 2 "wilkinsons" ou cubilôs (fornos de segunda fusão) para aumentar a produção. Participa de todas as exposições nacionais ou internacionais, sendo premiada em todas elas. A morte prematura de André, em 1851, não lhe permitirá colher os frutos de seu trabalho nem participar dos espetáculos de arte e progresso que as exposições universais se tornarão a partir daquele mesmo ano.

Contudo, junto aos maiores escultores do século XIX, ele permanecerá na origem deste matrimônio da arte com a indústria, que dará à fundição do ferro um extraordinário impulso, criando êmulos, aperfeiçoando novas técnicas e construindo uma obra que se tornará uma herança cultural para a Haute-Marne.

Após seu falecimento, sua esposa assumirá a direção da usina por quatro anos, vendendo-a em seguida a Gustave Barbezat, antigo "aluno" de seu marido, instalado em Paris.

Barbezat monta um segundo alto-forno, amplia a usina e desenvolve a atividade com novos modelos. Para seus operários, cujo quadro se expande, ele constrói, em 1866, alojamentos cujos últimos locatários partiram em 1987.

Em 1867, Val d'Osne é comprada por Fourment e Houillé & Cia., que assegura uma administração competente até 1870, continuando a desenvolver a fundição artística.

Fonte: Obras de Arte em Ferro Fundido (Prefeitura do Rio)