História da fundação artística - terceira parte

Na ausência quase total de arquivos, é difícil reencontrar os primeiros tempos da fundição artística. Contudo, a produção é bem conhecida através dos catálogos editados pelos fundidores nos anos 1840: "o sistema de catálogos surge quando a produção torna-se demasiadamente importante para ser absorvida pelo mercado regional. Assim, é preciso passar pelo concessionário que dispõe de catálogos", escreverá Annette Laumon em "Fleur de fonte" de 1986.

Comportando mais de 700 estampas, esses álbuns propõem ao comprador uma extraordinária variedade de produção : 40.000 objetos diferentes recenseados em apenas um dos cinco catálogos do Val d'Osne encontrados. A fundição ornamental está registrada sob todas as letras do alfabeto: "A" de apoios de janela, arquivoltas, anjos adoradores, animais e grupos (15 estampas, comportando cada uma vários modelos); "B" de balcões, balaústres e balaustradas, bordas de chafariz, bancos e bustos; "C" de calvário, candelabros (50 estampas), cristos, cátedras de pregação, cruzes, colunas ornadas, cães, corbelhas; "E" de estátuas (51 estampas comportando de 8 a 12 diferentes modelos); "F" de fontes diversas (35 estampas); "T" de tanques de chafarizes; "V" de vasos e taças (37 estampas), virgens...

Esses catálogos, raramente datados, são verdadeiras obras de arte, luxuosamente encadernados. Os modelos são exibidos sob a forma de gravuras reproduzidas fielmente e classificadas por gênero. O nome dos escultores consta com freqüência bem como informações sobre tamanho, peso e, às vezes, preço.

As primeiras estátuas fundidas foram realizadas a partir de modelos provenientes da oficina de moldagem do museu do Louvre. Tais obras são efetivamente cópias de trabalhos antigos: Diane de Gabies, Apolo de Belvedere, Hígia, Vênus de Milo ou cópias de obras anteriores ao século XIX, especialmente apreciadas pelo público: Amor de Canova, Moisés de Michelangelo, Hipomène et Atalante de Lepautre e Coustou, Amor talhando seu arco na clava de Hércules de Bouchardon, Mercúrio de Jean de Bologne.

Fonte: Obras de Arte em Ferro Fundido (Prefeitura do Rio)